Desejo me lembrar desse instante para sempre. Não quero me esquecer do quanto gosto de ver
como seus traços são tão parecidos, como são tão companheiros, cúmplices, tão
filho de um e pai do outro.
Quero também que vocês não se esqueçam. Vêem? Como é
especial esse minuto? Percebem que esse instante tão corriqueiro, na sala de
casa, num abraço, numa partida de xadrez, numa caprichada escovação de dentes,
num jogo do Brasil, na passada hora de dormir, é o que depois vai ter sido
importante? A vida de vocês, juntos, pai e filho. Queria tanto que vissem o que eu posso ver daqui
de canto. Que esse minuto de vocês,
juntos, não vão lembrar por inteiro. Que
vai se acabar e que amanhã já quase não terá importância.
Mas olhem, meninos, amanhã é muito cedo. Amanhã essa lembrança não vale nada, mas
quando esse pequenino crescer, quando tudo estiver às avessas, esse minuto será
a vaga lembrança, cada dia mais nítida, do que vocês verdadeiramente são.