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quinta-feira, 29 de abril de 2010

Espanha, Brasil e amizades

Voltamos ao Brasil!  :-D

Fisicamente já faz quase 1 mês, mas talvez emocionalmente ainda estamos nos trasladando.  Ao mesmo tempo em que estamos felizes por estar perto de nossas famílias e de nossos valores, há a tal da readaptação que todos comentam.  É como uma planta num vaso: enquanto ela cresce dentro de um determinado vaso, está tudo bem, porque ela cresce moldando-se a ele.  Mas se ela é retirada desse vaso, passa um tempo em outro vaso e depois é colocada novamente no antigo vaso, não se encaixa mais.  É preciso cortar uns tequinhos da raiz aqui, colocar um pouco de terra acolá, pra ficar ajustadinho.  Bom, isso falando de planta velha, né, que tem aquelas raizonas quase saindo pelo buraquinho de drenagem...

Já o Bruno mudou de vaso e continuou verdejante.  Encarou com seu sorriso de sempre o encontro com sua nova-velha-vida.  Suas folhas já crescem bastante com o clima tropical úmido e quente.

E acho que descobri seu segredo: sabiamente, seu coração é escancarado à amizade.  Isso o faz crescer forte em qualquer vaso.  Ele reencontrou seus amigos com uma felicidade imensa, com muitos abraços.  

Por outro lado, ontem o Bruno lembrou-se de seus amigos espanhóis:

- Como estarão passando meus amigos na Espanha?

(Precisava ver o livro com a coletânea dos desenhos que cada amigo seu fez como despedida lá na Espanha... imagina o quanto eu chorei.)

Eu gostaria de ter um raio-X de sentimentos para saber tudo o que acontece dentro desse coração tão gigante, que abraça sua vida sempre com tanta alegria, seja num canto ou outro.  Tenho aprendido tanto com ele!

Essa é uma: antes de voltar, em meio à mega-confusão da mudança, eu disse ao Bruno que não aguentava mais estar ali.  E o Bruno disse:

- Mas por quê?  Se você aqui tem até amigas...

Minhas pernas trançaram, ele tinha toda a razão.   Vou me fazer essa pergunta toda vez que estiver irritada com coisas (e não-coisas) amontoadas à minha volta.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

La paz

Dia 28 as crianças comemoraram o dia da Paz na escola.  Dentre várias coisas que o Bruno não contou descobri que cada um disse o que significava a paz e ele disse:

"Para mí la paz es amor"

Que lida assim, de repente, pode parecer nada.  Mas depois de assistir Zeitgeist e a entrevista com Chris Hedges percebemos como é difícil explicar para os adultos de maneira que entendamos.


(Hihi, este coelho me lembrou muito o Liniers)

domingo, 1 de novembro de 2009

Bixadores e fim do horário de verão

O Bruno não se conforma com os pixadores. Cada vez que passa por uma pixação já começa:

- Essa não. Bixado (sic)! Esses meninos não deveriam bixar. Eles deveriam pintar num papel bem grande. A mãe deles deveria dar uma bronca neles. Acho que eles são uns ladrões.

- Ih, Bruno, acho que os ladrões são ocupados demais roubando, acho que eles não iriam pixar não.
Outra coisa que deixa ele inconformado é a hora em que o sol se põe. Aqui na Espanha acabou o horário de verão, e pra explicar?...

- Então, Bruno, é que existem umas pessoas que decidem que se deve mudar o horário do relógio porque se diz que se economiza energia elétrica.

Aí danou-se... o menino ficou irado:

- O quê?!?! Eu acho que eles são uns chatos!!! Eu acho que esses meninos que bixam e esses meninos que ficam brincando de mudar a hora do relógio são uns ladrões!!... dos que não estão ocupados. Eles não sabem que se mudam a hora do relógio fica de noite mais cedo e eu tenho menos tempo pra brincar???

Bem, mas parece que ele achou uma solução. Agora mesmo seu pai acaba de me informar que estava contando uma história de monstros para ele. Um deles comia meninos malvados.

- Esse monstro podia existir de verdade, pai. Assim ele podia comer esses meninos que ficam bixando.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Nova avaliação sobre Guernika

Numa nova visita ao Museu Reina Sofia, Bruno olhava os quadros do Picasso e ia dizendo enquanto caminhava pelo corredor:

- Este está todo certinho... este é triste... este também está certo...

Até chegarmos no Guernika. Então ele olhou, olhou... cabeça no lugar da cabeça, olhos no lugar dos olhos, boca no lugar da boca... e não se conformava com o desespero retratado.

Concluiu:

- Ah, mãe! Esse Picasso só sabe fazer desenhos tristes e corretos!

Pooois é. Adultos precisam fazer um baita esforço para agir de forma libertária, o que para as crianças é simplesmente natural. Já bem dizia o próprio Picasso.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Cangrejo

"Cangrejo" é caranguejo em espanhol e foi o animal que coube ao Bruno pesquisar para apresentar um seminário em classe.
Muito animado, ele fez o cartaz e desenhou até um script dos pontos relevantes que iria comentar com os colegas (abaixo um detalhe com tradução simultânea para o adultês):

Numa das fotos que pegamos emprestadas (aqui) o caranguejo estava morto. Conversando um dia com a avó pelo Skype, ele explanou sobre sua hipótese paleontológica:

- Sabe esse caranguejo deitado na praia? Está morto. Acho que ele morreu porque tinha medo da água. Só que caranguejos precisam ficar na água para viver, e como ele tinha medo, ficou na areia e morreu!

Uhm... tem molejo para virar ditado popular, não?

"Quem tem medo do mar, morre na praia."

terça-feira, 19 de maio de 2009

O anjo da guarda do papai

Bruno está indo muito bem na sua adaptação à escola espanhola, embora tenha chorado na entrada do terceiro ao sexto dia (o primeiro e o segundo foram ótimos), mais ou menos.  
Num desses dias mais difíceis, já em casa, ele estava relaxando quando apareceu na minha frente dizendo:

???... Ele me explicou que na entrada da escola seu pai tinha lhe emprestado o seu anjo da guarda para acompanhá-lo até que ele estivesse se sentindo melhor.  O Bruno ficou preocupado porque ele tinha se esquecido de devolver o anjo, e se o pai estivesse precisando dele?  Eu disse que se isso acontecesse o anjo iria correndo ajudá-lo.  E ele completou:
- Ih, mas o papai está no serviço.  O anjo vai ter que ter muita pressa para chegar lá!


domingo, 26 de abril de 2009

Guernica e o bombardeio de porquês

Domingão, uma passadinha rápida pelo Museo Reina Sofía antes de ir ver os monstros marinhos no cine 3D, porque filhote de 4 anos não é de ferro.   Nessa passadinha, basicamente deu para ver o Guernica e um pouco de uma sala cheia de estudos de suas mulheres e cavalos desesperados.
Bruno estava ansioso para ver um Picasso de verdade (por causa da piadinha que o Sr. Cabeça de Batata faz no Toy Story, aquela em que ele põe suas peças todas tortas e diz "olha, eu sou um Picasso") e quando viu o Guernica ficou impressionado e fez várias perguntas: por que as pessoas estão com essa cara?  Por que o cavalo está assim?  Por que o Picasso gostava de pintar tudo torto? O que é guerra?  Por que as pessoas que não se conhecem fazem guerra?  Essa guerra aconteceu de verdade?? Por que os artistas gostam de desenhar a guerra??  Por que o Picasso só fez desenhos de guerra????  Assim eu fico triste...  
Então ele percebeu que a cor era algo que também mostrava tristeza, "porque preto e branco é cor de tristeza... mas a zebra também é preta e branca... ah!  Preto e branco é triste quando é escuro!"
E ele repetiu várias vezes a pergunta "mas por que os artistas desenham a guerra se é uma coisa tão triste e horrível?" e também não se conformava: "mas papai, mamãe... por  que tem que existir guerra?"

E eis que a partir de uma piadinha que ele viu num DVD ele conheceu Picasso, a guerra e o pensamento torto da humanidade.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Escola espanhola do Bruno

Eu sou absolutamente apaixonada pela escola do Bruno no Brasil e não cogitava nem mudar de bairro por causa dela.  Quando pesquisamos e vimos que aqui em Madri as escolas são muito mais tradicionais que o padrão brasileiro, murchei. Minha boca secava ao imaginar meu menino brincalista indo para uma escola de gravatinha, aprendendo boas maneiras e aprendendo "ba-be-bi-bo-bu".  
Para nossa surpresa, encontramos uma com um gingado diferente!  Não vai dar pra fugir dos sapatos pretos e acho que nem da alfabetização sílaba-a-sílaba, mas o brincar estava presente em todo canto, desde a fala da diretora até o teto, literalmente, que estava forrado de arte feita pelas crianças. Um alívio!

Vários pequenos detalhes nos convenceram.  Um deles foi uma menininha comendo banana fatiada e iogurte, que estava ganhando um carinho especial porque estava triste por ter perdido seu dente mole naquele dia.  Preciosas entrelinhas!

terça-feira, 14 de abril de 2009

Bandeira

Estávamos nós três caminhando em Madrid quando vimos a bandeira espanhola.  O Ricardo perguntou para o Bruno: 

- Olha, Bruno, uma bandeira!  De onde você acha que é?  Será que é a bandeira do Brasil?

E para  pai não fazer mais pergunta boba, ele respondeu:

- Pai... é claro que é a bandeira da Espanha!  As pessoas espanholas não iam colocar a bandeira do Brasil porque é um lugar muito longe e que elas não sabem onde é!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Uma nova sobremesa

Ainda estamos acampados no hotel, comendo fora todas as refeições...  Adivinha uma das opções que o Bruno nos pede?...  Claaaro!
E no McDonalds daqui da Espanha o Mc Lanche Feliz vem obrigatoriamente (humpf) com uma sobremesa.  Pegamos uma que era um pacotinho de maçãs fatiadas (como eles fazem pra não oxidar? Que medo...) e um mini-pacotinho de um tipo de nutella. Hummm, é bom!!
Nós já temos uma sobremesa familiar que se chama "banana tchum-tchum-tchum", que é uma banana inteira acompanhada por  por uma tijela com granulado, para ir chuchando e comendo.  Falei para o Bruno que agora sempre vai ter maçã tchum-tchum-tchum com nutella na nossa casa.  E ele me respondeu: 
- No nosso hoteeeel, mãe, você quis dizer no nosso ho-tel.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Estamos em Madrid!

Vamos ficar por aqui durante 1 ano, por conta do trabalho do Ricardo.

Bruno tem sido fenomenal, paciente e muito forte. Apesar dos dias estressantes e cansativos, ele mantém seu sorriso e seu espírito brincalista.

Uma dose de vitamina energética: hoje eu estava usando a janela para copiar um desenho e o Bruno me perguntou o que eu estava fazendo. Ele se decepcionou e disse:

- Ahhh... achei que você estava desenhando nossa cidade lá fora! Desenha nossa cidade, vai?

Ele já se adaptou ao fuso e chama Madrid de nossa. E eu ainda atordoada...