sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Sinais de paixão

Um dia o Bruno estava num banheiro público comigo e eu o levantei enlaçando o peito para lavar as mãos. Ele disse:

- Aaaai mãaae, assim meu coração vai explodiiiiir!

Essa semana o Bruno está com eritema infeccioso, que deixa as bochechas bem vermelhas. Ele se olhou no espelho e disse:

- O quê? Eu estou com as bochechas vermelhas?! Essa não... assim vão achar que eu estou apaixonado!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Pense no que você não vai fazer

Há muito tempo atrás, acho que quando o Bruno tinha 2 anos, ele fez um cocô bem bonito no penico e ficou olhaaando... até que ele colocou as mãos para trás e me disse:

- Eu não vou lamber, tá?

Nesse fim de semana ele virou pro Ricardo e disse:

- Papai, eu não fiz xixi na gaveta, viu?


Tanta coisa que a gente não-faz, né? É... lamber cocô não dá mesmo, mas quantos xixis nas gavetas nós deixamos de fazer só porque não é usual? Metaforicamente falando, às vezes vale a pena limpar uma baguncinha só para experimentar como é a sensação de ver o xixi escorrendo num recipiente retangular que depois a gente empurra e fecha.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Homem atômico chegou!

Vocês já leram o Homem Atômico chegou!, da Mini Grey, pela Cosac Naify? É a história de um boneco tipo super-herói que vive as aventuras imaginadas por um menino no cotidiano. O livro é lindo, mas tem uma parte que faz a gente pensar em como nos tornamos adultos terríveis sem perceber.


O Ricardo contou a história para o Bruno pela primeira vez e instantaneamente ele percebeu a imaginação do menino em suas brincadeiras e se identificou:


Então o menino foi passar o natal na casa da avó, que carinhosamente preparou a casa de maneira que julgava aconchegante e mais carinhosamente ainda fez meias de presente para toda a família. Até o Homem Atômico ganhou um conjuntinho verde tricotado. Como é de costume na nossa sociedade modernoza, o estilo de vida dos mais idosos foi ridicularizado.

E o Bruno perguntava pro pai, ele não entendia, não se conformava... por quê estavam todos rindo do Homem Atômico? Isso é mais uma prova de como acumulamos preconceitos conforme crescemos.


Sabe como o Homem Atômico se livrou do traje? Ele salvou umas colheres e desfiou a roupa todinha até virar uma sunga... O Homem Atômico sai vitorioso e a cara da avó não é mostrada depois do ocorrido.

Muitos dias depois, quando já tínhamos até esquecido desse livro, o Bruno me pediu para fazer um cachecol verde e um gorro laranja. Comecei pelo cachecol e ele curtiu à beça vê-lo sendo tricotado, crescendo nas agulhas.


Esse post me deu saudade das doçuras que minhas avós deixaram de lembrança pra mim... conversas com uma pitada de amargura sobre meus avôs, cristaleiras cheias de lembrancinhas de casamento, abóboras kabotchá, tapetinhos de crochê, me cobrir na soneca da tarde até eu suar...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O que você vai ser quando crescer?

Um dia o Bruno estava no penico quando me chamou

- Mãaaaaaaaaaaaaae. Mãaaaaaaaaaaaaaae.

E perguntou:

- Mãe, Power Rangers existem?

- Não filho, eles são pessoas fantasiadas.

Ele ficou frustrado e indignado:

- O quê?! Essa não, Power Rangers não existem?? Não, não pode ser, eles têm que existir, porque eu quero ser Power Ranger quando eu crescer!!

E sabe que o Ricardo vive dizendo que não adianta especularmos o que o Bruno vai ser quando crescer porque a profissão dele é uma que nem existe ainda?
Tanto é que um dia estávamos conversando sobre profissões, falando que o Ricardo é engenheiro, que eu sou desenhista, e que para escolher uma profissão temos que pensar em algo que nós gostamos muito de fazer. Daí caímos na fatal pergunta:

- E você, Bruno, o que vai ser quando crescer?

E sabiamente ele respondeu, fazendo explodir mil pensamentos na minha cabeça sobre profissões, trabalho e maneira de viver:

- Eu vou ser brincalista!