domingo, 21 de setembro de 2014

Reviravolta

Anteontem foi um daqueles dias do Renato que a gente precisa deixar registrado: ele virou de bruços!!

Um marco porque ele já vinha treinando isso há muito tempo e ficou muito contente por ter conseguido.  Para cair a ficha de juntar um conhecimento (o de ficar de bruços) com outro (o de deitar de lado chupando o dedo escodido debaixo da naninha), demorou.



Para ele, ficar deitado no chão era uma coisa.  Ficar deitado no berço, outra.  No chão, ele percebeu que se alguém mexia com ele, ele se divertia à beça mas em contrapartida ficava no maior tédio quando ficava deitado de barriga pra cima.  Nem tchum de ele tentar deitar de lado.  Era a gente sair de perto que ele começava a chamar a gente.  Mas no berço, ele sabe que está na mão dele: lá ele tenta dormir sozinho, chupa o dedo, papeia com a lâmpada, e sei lá mais o que eu não vejo.
  
E nós?  Também.  No chão, a gente incentivava ele a ficar de bruços, a maior farra.  No berço, não.  No berço é "boa noite".

Até que na quinta-feira eu fiquei brincando e rodeando em volta do berço, dei um petelequinho e pumba.  O bichinho virou de bruços e caiu-lhe a ficha.

No chão, deixei ele com sono e a naninha do lado, para mostrar o contrário.  E pumba, ele virou e caiu outra ficha.

E crescidos nós continuamos os mesmos, não?  Só um pouco mais teimosos, mais hipermétropes, mais travados.   Pra dar uma reviravolta, custa pra cair a ficha.  Ficamos na zona de conforto, agarrados ao que é de costume.  Para mudar de estágio, subir um degrau, às vezes é só uma mudança de atitude.  Mas para mudar de atitude, é preciso abandonar nossas velhas convicções: no chão eu só saio dessa posição com a ajuda de um adulto, no berço eu não fico de bruços.  Neste trabalho eu só saio dessa posição com a ajuda de um adulto, em outro trabalho eu não me sustento.

Agora a luta dele está sendo engatinhar. Ele fica nervoso quando levanta os braços e as pernas, tenta nadar, tenta voar com toda a velocidade e não sai do lugar.

(Uhmm!...)