segunda-feira, 25 de março de 2013

O brincar de hoje e o de sempre

Um dia estávamos pintando um quarto aqui em casa e desligamos o modem.  Passa uma hora, passam duas, até que o Bruno perguntou ao pai:

- Quanto tempo vamos ficar sem Internet?

- Acho que o dia todo, filho.

- O QUÊ?!?! O dia todo??? Como é que eu vou ficar o dia todo sem Internet??

E como "ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais"...

- Sabia que quando eu era criança nem existia Internet? A gente passava todos os dias sem Internet.

Pronto.  Com a bola levantada, Bruno fez ponto:

- É.  Não tinha Internet, mas tinha quintal!

Só para lembrar o que muitos já dizem por aí, nada adianta proibir a criança de ver televisão ou de jogar videogame.  Se ela mora num apartamento, que opções ela tem?  O Bruno ainda é filho único e seus brinquedos têm a péssima mania de não serem tão divertidos quanto brincar com outras crianças.

Ué, e por que não levamos ele para brincar no campo, por que não mudamos para uma casa, por que não saímos de São Paulo?  Talvez estejamos enroscados demais na rotina da cidade e de todo o trabalho diário que ela nos exige que nem sabemos fazer isso, como se estivéssemos correndo sem parar numa esteira de academia, de frente para uma parede de vidro.  Sabendo que o mundo está lá fora, que basta diminuir a velocidade até ela parar e então sair.  Porém presos ao contador de tempo, de calorias consumidas, de batimentos cardíacos, de quilometragem...

E quando vejo um vídeo como este, do Território do Brincar, eu me sinto muito mais próxima de um hamster engaiolado:



Claro que há o contraponto da educação, cultura, acesso ao trabalho e tudo mais, tanto que são estas as questões que sempre ganham na nossa balança.  E por isso mesmo é que sinto tão necessário contemplar este brincar autêntico, deixando chegar as lembranças da própria infância, refletindo sobre a assepsia exagerada dos valores urbanos e curtindo a dor de não proporcionar ao meu filho a pura simplicidade.

(Clique aqui para conhecer mais sobre o projeto Território do Brincar)